Apercebi-me que continuo a procurar a aprovação das pessoas que foram um pilar na minha vida, naquilo que eu sou hoje. Nenhuma delas é como era, ainda assim vivo como se a sua aprovação ao que faço fosse necessária ao que sou. Busco incessantemente essa aprovação na minha cabeça, no meu coração, no que sou e no que quero ser e no que não quero ser mas sou. E no que acho que sou e não quero ser, mas até nem sou. Essas três pessoas são talvez as mais importantes na minha vida. Uma já não existe, a outra já não se lembra de como era, e a outra procura, procura, mas não se encontra. Ou se calhar são todas a mesma. A mesma procura, a mesma busca. Uma está tão perto, mas tão longe. A outra está mais próxima, mas não consigo ter espaço para lhe abrir o meu coração (porque sei que vou ser aprovada, mas mesmo assim não o faço). E a outra está tão longe... mas tão perto de dentro de mim. Ainda.
Eu sou, mais ou menos, aquele disco que com alguma frequência dá o erro “disk full”. Normalmente não me apercebo, mas o meu melhor amigo encontra frequentemente trancada a porta de mim e é preciso fazer um delete. Raramente dou essa ordem. Raramente consigo. Então o meu amigo cumpre a promessa que um dia me fez: o que ele começou vai terminar. Então pega na minha mão e, os dois, carregamos no delete. Às vezes ainda dá erro. Frequentemente volto a ficar cheia. Mas a reciclagem tem muito espaço, e com o tempo espero conseguir manter a porta sempre aberta, para ele poder ocupar sempre o espaço que lhe pertence. Hoje o meu amigo voltou a falar-me de intimidade. Hoje voltámos a carregar no delete. Entretanto, fomos juntos a um concerto dos Delirious, com uma das três pessoas. God is Smilling