Tenho constatado que a esmagadora maioria das pessoas (ditas adultas) se resignam com as coisas na sua vida. Depois de várias tentativas frustradas (cujo número varia de caso para caso), acabam por ficar com o que encontram (mesmo quando o que encontram é nada). Isto aplica-se a todas as áreas da vida: onde antes existiu um sonho que não se conseguiu alcançar, existe agora a sensação de resignação, uma resignação pseudo-satisfatória.
Tenho constatado também que a resignação é um estado (ou sensação) realmente insatisfatória, onde existem três opções: convencer-se diariamente de que isto (a situação) é o melhor; saber que não é o melhor e continuar a sonhar com um futuro diferente, mantendo aquela situação; mudar.
A segunda, creio, acaba por levar à insanidade. E infelizmente a mais frequente é a primeira - onde o sonho e o desejo é reprimido ou existe uma tentativa de direcção do mesmo à situação que se vive, o que conduz à tristeza, que por sua vez conduz a um estado de desânimo induzido constante - e que atinge, como disse antes, a esmagadora maioria dos portugueses. Ora, este estado constante de desânimo é ainda mais acentuado quando absorvemos (quais esponjas) os jornais e telejornais e os velhos e velhas do restelo (que podem ser aqueles colegas e mesmo amigos com quem passamos a maior parte do dia). Infelizmente também, o Velho do Restelo tem hoje outras formas - mas os ouvidos dos portugueses continuam os mesmos. E chamo portugueses não apenas aos que possuem esta nacionalidade (que eu me orgulho de ter), mas também aos que, por uma razão ou por outra, já adquiriram este péssimo hábito nosso (talvez por osmose?).
A questão é que a má língua é uma coisa altamente contagiosa e o número um no que respeita às doenças do coração. E passamos ao lado do "sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida". Parece que, à medida a que se vai crescendo, a compreensão de que é do coração (não apenas enquanto órgão físico) que procede a vida vai passando com os anos. E tal como os anos, nem damos por isso.
Temo-nos tornado, como sociedade, pessoas pouco criteriosas. Falta constantemente o "julgai todas as coisas, retende o que é bom".
A terceira opção é a da mudança. Porque será que o português tem tanto medo de mudar? Confesso que a justificação dos Descobrimentos como época de grande tristeza (muitas mortes, quem ia ao mar não voltava) e dos muitos muitos anos debeixo do regime salazarista como justificação para a maneira de ser actual dos portugueses me causa alguma estranheza. Não digo que não tenha tido influência (nomeadamente a segunda, ainda muito recente), mas a este ponto? Não. Existe aqui um outro problema, de um foro diferente, que tem que ser resolvido de joelho no chão e etômago a roncar. E só há um grupo na sociedade que o pode resolver, mas isso fica para outro dia - que agora estamos muito ocupados.
Creio que este desejo por algo melhor que realmente nos satisfaça é, não só fundamental a uma vida saudável, como realizável. Não gosto de pessoas que dizem que os sonhos são coisa de criança, e não gostei quando um dia alguém olhou para mim e disse "estás a crescer", referindo-se ao estado lamentável em que me encontrava na altura fruto de uma das maiores decepções que já recebi em toda a minha vida. O desejo de ser como uma criança (não na parte da irresponsabilidade) devia estar em nós diariamente. Essas pessoas deviam perder a voz durante uns tempos.
Não gosto de pessoas aversas à mudança porque não querem que os outros mudem - como não procuram a sua felicidade, não querem que os outros a procurem também. É verdade, às vezes também não gosto de mim.
E tenho muita pena das pessoas que se resignam, porque o melhor ainda está para vir, e assim quando chegar elas vão estar ocupadas com relacionamentos medíocres, empregos medíocres, casas medíocres, pessoas medíocres, actividades medíocres. E a oportunidade vai passar ao lado, e será aproveitada por outro.
terça-feira, 14 de abril de 2009
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9 comentários:
Não, não sou portuguesa, apesar de já cá viver há duas décadas...convém dizer que não o sou porque não quero, sou "estrangeira residente sempre legalizada com autorização permanente de residência" (título pomposo hã! ;)...talvez um dia me disponha a aturar as "mil e quinhentas filas e duas mil burocracias do SEF" (talvez um dia seja...talvez nunca...sou angolana com todo o orgulho e mais algum!)...mas não, também não quero adquirir os "vossos" hábitos LOL...
Agora deixando de lado toda essa brinca...
Sun, enganas-te, esses hábitos não são só "vossos"...mas há efectivamente traços da "vossa" cultura e da "vossa" maneira de estar como os há na "minha"...e como até estamos a falar da "vossa", aproveito para dar também a minha colherada...concordo contigo, existe de facto alguma acentuação forte nos traços "resignação" e "má língua"...o resultado pode bem ser as tais pessoas medíocres (que normalmente até arranjam justificação para o seu "estado", tornando-se mais medíocres ainda...)...
Deixei de ter pena de pessoas medíocres, ganhei-lhes uma certa (grande!) alergia...estou cansada de pessoas pequenas, sem visão, mesquinhas, tacanhas...cansada daqueles "navios" (pessoas) em que o "leme do barco" (língua) está enferrujado/sujo mas consegue ser bem mais incisivo que o "direccionar/chegar a bom porto" (praticar/ser/fazer)...sem paciência para pessoas que me fazem mal, que não me incentivam ao crescimento, que não me edificam...egoismo? Não, cansaço mesmo!
xxx
Olá minha princesa doce e gentil, é sempre bom quando nos propomos pensar, isso já é, nos dias que correm um "tabu" ! Pensar. uuuuuuuuuuuuuu, agora lá vou ter tempo de me pôr a pensar!???
Meu amor, penso em ti, entre mil e outras coisas na minha vida, e hoje quero dizer-te que ao pensar em ti resolvi vir dar-te um beijos. Que estejas bem, na graça de Deus e que a cada dia consigar brilhar ainda mais. Beijos da mana
já mudavas de coortinado... que coisa tão... paozinho sem sal...
=D
Martuxa: uma pergunta, se não te importares, e como nos livrar das pessoas mediocres se temos de as ter ao nosso lado todos os dias?
=)
Olá VM!Eu não me tento livrar das pessoas medíocres a minha volta, simplesmente porque não tenho como e nem tenho que...tento fazer a minha vida sem que elas me "entalem, me diminuam/me prejudiquem"...não é fácil obviamente...mas tento abstrair-me e olhar para a frente e não lhes dar importância...se podiam ficar invisivéis? Sim, deviam mesmo!Mas ao mesmo tempo, elas também existem para que seres falíveis como eu possam querer melhorar, sempre!
;)
Martuxa: ahhhh, ok, o mesmo que eu faço, pensava que podias ter ai à mão uma formula qualquer de as mandar pó espaço... e tornar muitos dos dias uns dias melhores... feito, obg e um muito bom dia... (um kiss já tornava a coisa muito intima lol)
=D
vm, gosto destes =) Quando se entra no quarto quase não se dá por eles, e de manhã a luz fica assim. Definitivamente, no quarto, são estes =)
Martuxa e Vm, se entretanto eu encontrar a tal forma de as tornar transparentes eu aviso...
tenho de tirar um foto quando os meus NOVOS cortinados da sala estiverem no ar... adoro os tecidos escolhidos...
=)
LOLOL só pra dizer que tem uns cortinados NOVOS na sala... bahhh... showoff!
ranhosa... invejosa...
:P
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