quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Ida ao Circo

A minha outra reflexão, a que darei o nome de Ensaio sobre a Velocidade teve origem na minha ida ao circo no Domingo passado. A convite das minhas sobrinhas fui ver o espectáculo do Circo Atlas, que está estabelecido ao lado desse grande monumento da cidade de Lisboa, o Centro Comercial Colombo.
Foi com grande espanto que assisti ao Capitão Jack Sparow, que saltava no cabo de aço da frente para trás e de trás para a frente, ora por dentro do círculo de chamas, ora por cima da bandeira dos piratas e das facas. Não tanto pela proeza, mas porque o raio do moço parecia mesmo o jack! LOL parabéns pela caracterização.

O tema da velocidade vem do que constatei no final do espectáculo: -"Há coisas que já não me satisfazem".

A mim, e a quase todos os que pertencem à minha geração (e às anteriores, e às posteriores). Podemos ter dentro das nossas casas os melhores dos melhores do mundo (e quiçá de Portugal), e o facto de termos sempre o melhor de tudo (assim pensamos nós) torna-nos impacientes e, voilá, intolerantes. De repente o número do cãozinho já não nos satisfaz (apesar de entreter), e ver a zebra e os camelos também já não surpreende (vá, surpreende um bocadinho, porque a zebra era realmente LINDA!). Os gráficos da family game já não servem, os CDs do ano passado também não, o Dr. House já chateia. Precisamos de informação, numa quantidade brutal, a uma velocidade impossível. Sempre coisas novas, surpreendentes e, claro, sem termos que esperar. Já não usamos o metro ao Domingo de manhã porque levamos 45 min numa viagem que de carro leva 10. Bom senso? Comodismo?

Corremos mais, trabalhamos muito, ganhamos menos e não aproveitamos quase nada. Será isto qualidade de vida? Sem dúvida que sim. Temos pelo menos um carro, pelo menos um telemóvel, podemos estudar, podemos trabalhar (mesmo se não é o emprego dos sonhos), podemos estar em toda a parte do mundo de forma muito barata e sem ter que sair de casa, e se quisermos sair não pagamos assim tanto por um fim-de-semana diferente. Podemos comprar móveis giros e baratos e não estamos à espera (nem queremos) que durem toda a vida. O mesmo se passa com a roupa que compramos e com os trabalhos que temos.

O que perdemos? Relacionamentos duradouros (toda a gente acha que não tem que ceder "se quer muito bem, se não quer, andor") - é a política do usa e deita fora; não temos nada que nos tenha dado realmente trabalho a conseguir; achamos que trabalhar um mês para poder comprar um ipod é fazer um grande esforço; achamos que podemos ficar em casa dos pais até aos 35 (e ficamos mesmo); deixamos de ter filhos porque não temos as condições "ideais"; e não aceitamos nada que não seja perfeito. Nem ninguém. O que resulta em achar que somos donos do mundo e não temos que nos sujeitar a nada.

Velocidade meus amigos, velocidade.

2 comentários:

Luz disse...

Olá Sunflower,

Tenho de concordo contigo.
Revejo-me em algumas coisas. Há uma que acontece todos os dias, reclamar com o meu computador. Comprei o mais XPTO possível mas estou sempre a reclamar que é lento quando na verdade está longe de o ser. Parece que nunca estamos felizes, tens toda a razão.
Noutra situação que me revejo é o ter filhos só e apenas quando se pode ter. Tenho um e não terei mais. Sou muito exigente com as condições que tenho para ele, não tenho hora marcada para lhe comprar isto ou aquilo, passo por uma loja vejo umas calças de que gosto compro (é um exemplo) e se tiver mais um já não poderei fazer o mesmo. Sou completamente contra que se tenham filhos porque é isso que se espera ou sem se poder dar um determinado tipo de coisas. Choca-me ver crianças que não comem um peixe porque é caro, que não comem certos legumes e frutas porque caros são...
Em caso dos pais até aos 35... Sim, agora é bem comum, mas confesso que não sou exemplo, ao 18 já tinha a minha casa... Não é de todo exemplo, eu sei.
Mas há aí uma coisinha onde não me revejo, é na parte dos relacionamentos duradouros. Mas embora não me reveja tenho de te dar razão, muitos casam-se a pensar no divórcio (é o que digo das pessoas que quando se casam já a dizer "se não correr bem divorcio-me"). Casei-me para a vida, e espero fazer jus a isso, já lá vão quase 10 anos de casamento, espero continuar assim...

Beijinho

Luz

_SunFlower_ disse...

Olá Luz! E benvinda ao meu (nosso) blog!

Eu também estou noiva e vamos casar para a vida, no mal e no bem, na tristeza e na alegria, se formos podres de ricos (ya, se sair o euro milhões) ou se não tivermos mais do que sopa. Acho que coloca o casamento numa perspectiva diferente do habitual.

Volta sempre =)