Como é do conhecimento geral, ficou para a história a frase "a Margem Sul é um deserto". Não sendo moradora na dita margem do Tejo, compreendo o descontentamento de quem lá reside. Contudo, não posso deixar de concordar com o sr. ministro. Efectivamente, no âmbito daquilo que estava a ser considerado - a construção de um novo aeroporto na MST (Margem Sul do Tejo)- a MST é mesmo um deserto.
mapa da densidade populacional em Portugal
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Como podemos verificar num simples exercício de geografia, a densidade populacional do nosso pequeníssimo país concentra-se esmagadoramente no Litoral Norte e Centro, toda ao Norte do Tejo. Significa isto que - e considerando apenas o aspecto geográfico - um aeroporto na MST significaria a deslocação de milhares pessoas durante várias horas (façam o percurso no googlemaps) para chegarem ao dito aeroporto.
Como se isto não bastasse, reparem que com a construção de um novo aeroporto abaixo do Tejo, a MST ficaria com 3 aeroportos (o novo, o de Beja - que está actualmente em construção - e o de Faro), enquanto a MNT ficaria com apenas 1 aeroporto, no Porto, que se pretende privatizar. Na prática isto significa que teríamos três aeroportos não privatizados na zona de menor densidade populacional (que, realmente, é desértica quando comparada com o resto, não só ao nível populacional mas também ao das infraestruturas necessárias ao bom funcionamento de um aeroporto), e nenhum aeroporto não privatizado na zona onde está a maior densidade populacional.
Pergunto eu, não seria uma opção muito mais interessante do ponto de vista económico, prático e cómodo, a adaptação do aeródromo/aeroporto militar de Campo Real? Já existe uma estrutura base, o aeroporto estaria estratégicamente colocado numa zona onde serviria realmente uma grande percentagem da população portuguesa, existe espaço em volta, já existem infraestruturas...
A resposta é óbvia: não, não seria, porque nesse caso o aeroporto que será privatizado teria concorrência, e isso não interessa, não é verdade?